PROFISSIONAIS MULTITAREFAS GANHAM DESTAQUE NO MERCADO DE TRABALHO
Foto: Lana Carvalho
Para especialistas da área, realizar muitas atividades ao mesmo tempo pode ajudar no crescimento pessoal, mas prejudica a qualidade do trabalho.
Não é de hoje que o perfil do profissional totalmente focado em apenas uma responsabilidade tem sido substituído por uma nova categoria de profissionais, os multitarefas.
Segundo pesquisa publicada no site Exame, Keri Stephens, professora de comunicação da Universidade de Austin, no Texas, diz que há dois tipos de pessoas multitarefas: os múltiplos e os sequenciais. Os múltiplos trabalham, de fato, fazendo tudo ao mesmo tempo. Já os sequenciais também não gostam de focar em apenas um projeto, porém, distribuem suas atividades e as organizam para realizá-las de forma sequencial.
O profissional multitarefa se tornou quase que uma exigência nas empresas e no mercado de trabalho. As diversas requisições para os cargos atuais mostram que cada vez mais o meio corporativo está à procura desse perfil de profissional. Essas pessoas tem a necessidade de ler muitos e- mails, comparecer a múltiplas reuniões diárias, ter visão estratégica e ter a capacidade técnica no nível da função pré-estabelecida na contratação. Por consequência, frequentemente acaba exercendo uma liderança.
Para Julianne Tischenberg, diretora de criação da agência de comunicação EnComun, ser um multitarefa é bom para o crescimento profissional, mas também requer preparo para arcar com as responsabilidades. “O multitarefa nunca é só lidar com duas, três áreas diferentes ao mesmo tempo, mas saber lidar com elas de forma que não prejudique o resultado do trabalho”, diz a publicitria.
Hoje vivemos um momento de contradição, em que ao mesmo tempo que é exigido se aprofundar em uma área específica, há empresas com uma grande demanda de profissionais com esses perfis . A coaching profissional Cláudia Flórido diz que é preciso ter carga emocional estruturada para poder desenvolver todas as atividades que, as vezes, fogem da área do profissional. Esse cenário se torna impossível com que alguém seja especialista em sua área de trabalho e, ao mesmo tempo, tenha condições de atender a diversas demandas.
Segundo Flórido, a dupla cobrança das empresas “é uma dissonância naquilo que se propõe qualidade de trabalho e qualidade de vida do trabalhador. Esse tipo de exigência, na minha visão, traz uma sobrecarga muito grande para esse profissional, para a empresa também e para o consumidor, que acabam adquirindo um trabalho com uma qualidade muito menor do que poderia ter se o profissional tivesse o foco total naquilo que ele se propôs a fazer”.