MERCADO É AFETADO POR PERDAS DE EMPREGO E RENDA
Foto: Daniel Alvarenga
Pesquisa revela que Brasil sofre com baixas no consumo e desemprego aumenta, forçando trabalhadores a procurarem formas alternativas de manterem sua renda.
O mês de julho terminou com um saldo de 11 milhões de desempregados segundo uma pesquisa realizada por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto resultando na queda na produtividade das indústrias.
Isso resulta em uma situação conturbada no mercado de trabalho devido à crise econômica que está se instaurando no país. O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azevedo, afirma que o mercado de trabalho está sofrendo um “círculo vicioso” com a perda do poder de compra do brasileiro e a queda da população ocupada, forçando as pessoas a procurarem empregos alternativos para poderem manter sua renda estável.
Marcelle Silva é formada em administração está desocupada há dois meses. Ela trabalhava como representante de indústrias farmacêuticas e explica que em seu ramo, todo segundo semestre do ano inicia-se uma sucessão de demissões para aliviar os gastos das empresas. “Conheço várias pessoas que também foram demitidas no mesmo período que eu, alguns acabam saindo do ramo e buscando outras formas de se reinserir no mercado.” Segundo Marcelle algumas pessoas tentaram abrir negócios próprios e acabaram por não conseguirem se sustentarem.
João Ramos, formado em educação física, sempre trabalhou como personal trainer e diz que hoje as pessoas pararam de investir em treinadores pessoais e preferem apostar seu dinheiro em academias. Ele começou a trabalhar como motorista do aplicativo Uber. “Com poucas oportunidades de trabalho que tivessem um retorno financeiro suficiente para manter minha renda, encontrei no Uber uma oportunidade de poder tirar o suficiente para sobreviver” diz ele.
A crise que atinge o Brasil não só prejudica os desempregados como também os endividados. “ Além dos brasileiros que já estão negativados e não conseguem comprar, a crise também afeta aqueles que já fizeram algo no passado que compromete todas as suas finanças” explica o professor de educação financeira Altemir Farinhas. O Brasil está sofrendo um efeito dominó onde as indústrias, que estão trabalhando com apenas um turno pela quantidade reduzida de pedidos que estão recebendo.
Com uma menor quantidade de pessoas comprando, os comerciantes também reduzem seus estoques, e aquelas empresas que não conseguem manter bons rendimentos, cortam custos e isso sobra para os trabalhadores. “O maior dos custos hoje são as pessoas, as empresas vão demitindo os trabalhadores, o que é o efeito mais perverso dessa crise” diz o economista.